sexta-feira, abril 18, 2008

Hoje que falam de mim...

Caio no tom das vozes, ouço o meu nome além. Que falam de mim? Será que me devo importar? Limito-me vez sem conta à minha insignificançia, mas hoje não, hoje dói-me os ouvidos, dói-me o orgulho.
Levanto-me perante os olhares surpresos e bocas entreabertas e exclamo em voz revolta.
- Calem-se vozes do Demônio, se em vós respeito houvesse em mim não falariam. Ao menos não entoem o meu nome em vão...
A sala pára perplexa e sinto em mim um misto de alívio e vergonha. Mas não há vergonha em defender-me...
Sou eu, assim, livre e à minha própria maneira belo... Ou talvez não... Não me importo, não quero saber.

quinta-feira, abril 17, 2008

Ausência

A brutalidade daquilo que sinto só pode ser compreendida
aquando do conheçimento daquilo que me falta.
Assim, a ausência é algo que fundamenta
a constituíção das minhas emoções e sentimentos.
Com a tua ausência parte de mim morre
e outra ressuscita rebeldemente.
Acabo vagabundo porque sei que não sou compreendido,
acabo solitário porque estou somente só...

Bruno Coelho

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Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.

Fernando Pessoa

sábado, abril 12, 2008

No words... No pain...

The silence came bursting
through the walls that
night. No chairs or tables
between you and me.
Instead of the usual small
talk we just stayed there
and waited. No
movements. My eyes got
used to the pale light. It
was raining. Words came
to my mind, but i was too
amazed to speak. I felt the
silence bursting through
me. Violently. No
warnings. No needs. I
closed my eyes for two
seconds and suddenly we
knew.
There was no fear.
Tomorrow was here.


Silence 4 in "Silence becomes it"

quarta-feira, abril 09, 2008

Viver

O tempo é curto demais para poder fugir deste espaço também ele curto que me rodeia. Espreito o mundo lá fora e imagino o quanto podia ser feliz se consegui-se libertar-me desta pressão que me esmaga contra este chão frio e cru. Estou preso aqui...
O sol passa tímido a barreira invisivel que coloco à minha frente. Fecho os olhos, viro a cara e escondo as lagrimas. Não há luz que chegue para destapar o meu segredo...
Alguém passa e me arrasta com ele. Não exerço resistência, não abro a boca, deixo um sorriso forçado e assim engano o mundo. No entanto, não estou lá, não estou com ninguém. Estou só no meu próprio mundo invisivel a tudo o resto, na minha própria dimensão criada à minha imagem. Apenas fica o corpo agarrado a este mundo, agarrado a esta dimensão curta.
Aqueles que se limitam a observar apenas caras vêm apenas sorrisos em mim. Aqueles que vêm corações conseguem ver um pouco mais além e conseguem despertar em mim um pouco mais do que rasgos momentos onde as emoções se libertam e me dão um pouco mais de vida. Para estes acabo sempre morto, porque não há extenção do meu ser à plenitude, à eternidade. Acabo sempre ninguém...
No entanto, no mundo à sempre alguém maior que todos. Estes encontram sempre algo mais, descobrem algo mais. Estes têm a sabedoria e com ela descobrem o interior de tudo sem ser preciso olhar, tocar, falar ou sentir o corpo. Estes despertam-nos para a vida e fazem-nos realmente viver, fazem-nos aproveitar todo e qualquer momento. Com eles o mundo se alarga e o tempo se expande. Não há limites nem barreiras porque eles fazem-nos acreditar, fazem-nos ver mais além do finito. Tudo se torna infinito e eterno...
Alguém passa por mim, reconheço. Não precisas de falar, olhar ou tocar. Eu te seguirei como sei que tu me seguirás.
Contigo libertei-me do medo e já consigo sentir o sol. Já consigo viver...