domingo, junho 22, 2008

Amor eterno/efémero

Acreditava no amor eterno mas o mundo deu-me a provar o sabor da desilusão. Um dia imaginei que iria apaixonar-me pela pessoa certa, namorar dois ou três anos, casar, ter dois ou três filhos e viver longamente ao lado da pessoa amada até que a morte nos separasse, e se possível de forma bélica morrer juntos, mas o mundo tirou-me os sonhos. Na frustração de uma relação falhada muitos sonhos se perdem e a nossa própria viva volta-se para algo diferente. Eu, já não me imagino casar porque apercebi-me que de amor eterno apenas existe o amor por aqueles que são nossos filhos e nossos pais e tudo o resto é efémero...

...

Sei que te dói. Sei que tens dentro de ti a pior dor de todas. Sei que o coração bate baixinho e irregular, o pânico do vazio espalha-se dentro de nós como uma droga, e a solidão que se apodera sem que possamos resistir. Quem pode resistir à dor muda e surda causada pela ausência daquilo que nos faz viver. Não há felicidade…
Custa-me sentir o silêncio da noite, o vazio do silêncio e a imensidão do vazio. Custa-me sentir o espaço vazio deixado no meu coração ou será que me custa o vazio que vai dentro de ti?
Sinto-me perdido, com medo… Nunca pensei em vir a ter medo… Nunca pensei sentir a solidão e ver a solidão nos teus olhos negros. São sempre tão belos os olhos de quem amamos. São como diamantes que reluzem no negro e nos enfeitiçam. Os teus enfeitiçaram-me ao primeiro olhar.
Sempre que me lembro de ti, sempre que te toco ou te lanço o olhar apaixono-me… e mesmo assim falho. Porque será que falho se tudo o que amo é tudo o que representas? Mesmo caindo no molhado das tuas lágrimas consigo levantar-me sempre contigo na mente, mas quem paga as falhas, tu! Sempre tu! E assim morro em ti devagar, um pouco de amor que perdes, o olhar que fica cada vez mais cerrado, o sorriso que nunca mais chega, o tremor da solidão que nos assalta mais uma vez.
Tremo porque te amo e sinto a tua ausência. Tremo porque sei que te desiludi profundamente…
Já nem o abraço consegue acalmar a dor. O quanto queria abraçar-te, recolher-te nos meus braços, dar-te um pouco do meu calor. O quanto queria abraçar-te, fechar os olhos, sentir o teu cheiro, sentir o mundo se fechar em nosso redor, dizer que te amo, sentir que me amavas e tudo se tornar perfeito como tu és aos meus olhos.
Sinto a tua falta… Que dor…
Sinto tanto a tua falta que me falha a respiração, o coração se esmaga nele mesmo, e a mente começa a fraquejar. Acho que já fraquejou… porque vivo os dias cheio de medo que algo já tenha acontecido e somente a minha cegueira me tenha impedido de ver com clareza a brutalidade de não me amares mais, ou que o medo me tenha tapado a luz de ver o teu ainda amor resistir. Resiste porque não quero deixar morrer o que resta, tenho que te puxar para mim, tenho que conseguir fazer-te feliz e que ames mais do que nunca.
Sei que esta carta não é uma carta de amor, mas é uma carta de sentimento. Pode parecer uma carta de lamentação mas não o é. Pode ser egoísta mas não o é porque tudo o que me importa é o que vive dentro de ti e é a tua tristeza e solidão, o vazio que me preocupa, é os meus falhanços que me preocupam. Esta carta é como um último suspiro, um último fôlego, a esperança para não perder o esplendor do teu olhar, a beleza da tua face, a doçura da tua voz, o sabor dos teus lábios, o calor do teu amor. Não te quero perder, e sinto que é hora de te salvar.
É a última gota de esperança para conseguir fazer-me ver dentro de ti. Quero voltar a fazer sentir-te bem no meu abraço. Não quero ser um estranho. Não quero te perder nunca…

sexta-feira, junho 13, 2008

Viver no nosso mundo

Tornou-se curto este silêncio do vazio, é demasiado pequeno no meio da cidade que nos abafa sem nunca cessar. Longe vão os tempos em que viviamos livres num verde longo, na noite sempre negra e no silêncio que se fazia sempre sentir. Hoje nada é como era mas nem tudo é mau. Continuamos rodeados de luz, imagens, música, vozes, cheiros, embora esta luz seja negra, as imagens pixelizadas, a música metálica, as vozes roucas e os cheiros mais intensos. No fundo o que importa é que continuamos vivos e livres... O tempo e espaço são ambos diferentes mas a vontade de viver é sempre a mesma e com essa vontade sorrisos vêm e algo novo se descobre sempre.
Para aqueles que temem o barulho da cidade porque estão demasiado agarrados ao silêncio do campo digo-vos em voz alta: "Não temam, a cidade tem sempre o seu silêncio e a sua própria beleza".
Não tenho medo do que me agarra. Pode não haver espaço neste lugar mas sempre que o meu coração acelerar eu saio ao mundo e vivo o que tenho que viver...